A Agência Espacial Norte Americana (Nasa) informou, nesta quinta-feira (12), que a sonda Voyager 1 cruzou uma nova fronteira, se tornando a primeira nave espacial da história a deixar o Sistema Solar.
Trinta e seis anos depois de ter sido lançada, para um tour em outros planetas, a nave espacial movida a plutônio está a mais de 18 bilhões de quilômetros distante do Sol, entrando no espaço fora do Sistema Solar, o que os cientistas chamam o espaço interestelar - o vasto e gélido vazio entre as estrelas.
Na verdade, de acordo com a Nasa, a Voyager 1 saiu do Sistema Solar há mais de um ano. No entanto, como ele não tem uma fronteira clara, até recentemente a Nasa não tinha uma prova para embasar o que a equipe de cientistas havia afirmado anteriormente : a sonda finalmente se livrou da fervente bolha de plasma que envolve os planetas e também escapou da influência do Sol.
"É um marco histórico e o início de uma nova jornada", disse Ed Stone, cientista e chefe da missão no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.
Agora a Voyager 1 vai estudar partículas exóticas e outros fenômenos em uma parte do universo nunca antes explorada, e enviar os dados via rádio de volta para a Terra, onde a equipe de cientistas aguarda as descobertas.
Em 2011:
Vídeo: Sondas Voyager atravessam 'mar magnético' no espaço
Em 2011:
Vídeo: Sondas Voyager atravessam 'mar magnético' no espaço
A ‘embaixadora interestelar’ também carrega um disco de ouro que contém saudações multiculturais e fotos, no caso da espaçonave encontrar alguma espécie inteligente no meio da sua trajetória.
Caso a Voyager encontrasse algum ser extraterrestre, este disco de ouro representaria o planeta Terra, por conter imagens de vários ecossistemas terrestes, além de sons, como o de águas, vulcões, pássaros, entre outros. Além disso, o disco abriga uma seleção musical de várias culturas que representaria nosso planeta. Por fim, há uma seleção de cumprimentos em várias linguas. Em mandarim, por exemplo, a mensagem convida os seres espaciais a vir para a Terra: "Espero que todos vocês estejam bem. Nós estamos pensando em todos vocês. Por favor, venham nos visitar quando vocês tiverem tempo".
A odisséia da Voyager 1 começou em 1977, quando a nave espacial e sua irmã gêmea, a Voyager 2, foi lançada em uma missão aos planetas gasosos gigantes, dentro do Sistema Solar. Depois de enviar imagens deslumbrantes dos pontos vermelhos de Júpiter e dos radiantes anéis de Saturno, a Voyager 2 começou a viajar em direção de Urano e Netuno. Enquanto isso, a Voyager 1 usou Saturno como um ‘estilingue gravitacional’, para impulsioná-la a passar de Plutão.
A Voyager 1, que tem aproximadamente o tamanho de um carro compacto, carrega instrumentos que estudam campos magnéticos, raios cósmicos e vento solar.
No ano passado, os cientistas que monitoram a Voyager 1 notaram estranhos acontecimentos que sugeriam que a nave havia se quebrado: partículas carregadas provenientes do Sol haviam desaparecido de repente. Ao mesmo tempo verificou-se um pico de raios cósmicos do exterior, que atingia a nave.
Como não houve alteração detectável na direção das linhas de campo magnético, a equipe de monitoramento presumiu que a sonda estava ainda na heliosfera, como é chamada uma região a ‘bolha’ de partículas carregadas em torno do Sol.
A equipe esperou pacientemente por uma mudança na direção do campo magnético – que era esperado para ser o sinal revelador de que a Voyager 1 estava atravessando uma fronteira cósmica. Mas, nesse meio tempo, uma erupção solar causou no espaço ao redor da Voyager 1 um eco como um sino, na última primavera, e isso proporcionou aos cientistas a informação que eles precisavam, convencendo-os que a fronteira havia sido ultrapassada em agosto do ano passado.
"Demoramos uns 10 segundos para perceber que estávamos no espaço interestelar", disse Don Gurnett, cientista da Voyager, da Universidade de Iowa , que liderou o novo estudo publicado online no periódico científico Science.
As novas observações são fascinantes, mas Lennard Fisk, professor de ciência espacial da Universidade de Michigan, que não fazia parte da equipe, disse que "é cedo para julgar"."Será que podemos esperar um pouco mais? Talvez essa imagem esclarecerá o quão longe iremos."
O que incomoda Fisk é a ausência de uma mudança na direção do campo magnético .
O astrofísico de Harvard, Jonathan McDowell, foi mais direto: "Eu realmente vou acreditar nisso por ainda mais um ano ou dois, até que essa informação tenha se solidificado por um tempo".
Já a Voyager 2 viaja a 15 bilhões de quilômetros do Sol. Isso pode demorar mais três anos até que ela junte-se com sua irmã gêmea do outro lado. Eventualmente, as Voyagers vão ficar sem combustível nuclear e terão que desligar seus instrumentos. Isso talvez acontecerá em 2025.
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